Astrônomos descobrem objeto gelado nos confins do Sistema Solar

Concepção artística de um objeto no Cinturão de Kuiper. O planeta anão Plutão é o maior KBO que se conhece. (Imagem: NASA)

Cinturão de Kuiper

Um grupo de astrônomos de vários países disse ter observado, pela primeira vez, um objeto gelado em uma órbita além de Netuno, nos confins do Sistema Solar.

O objeto é conhecido como KBO 55636 (sigla para Kuiper Belt Object, Objeto do Cinturão de Kuiper) porque habita a região chamada Cinturão de Kuiper, onde estão agrupados milhares de objetos remanescentes do período em que se formou o Sistema Solar.

Os astrônomos sabiam da existência do KBO 55636 há vários anos, mas só puderam vê-lo porque ele passou na frente de uma estrela brilhante e refletiu sua luz.

Liderados pelos Estados Unidos, cientistas de 18 observatórios espaciais em vários pontos do planeta participaram da busca. Eles descrevem suas observações na revista científica Nature.

Ocultação estelar

Quando um corpo celeste esconde uma estrela ao passar em frente a ela no espaço, ocorre o que os astrônomos chamam de “ocultação estelar”.

A equipe usou uma ocasião como essa para estudar o KBO 55636. A ocultação estelar durou apenas dez segundos, mas foi suficiente para que eles determinassem o tamanho e a capacidade de reflexão do objeto.

O Cinturão de Kuiper ocupa uma região que fica além da órbita do planeta mais distante do Sistema Solar, Netuno.

Ele é semelhante a um cinturão de asteroides, mas em vez de ser composto principalmente de rochas e metais, a maioria dos objetos que agrupa é feita de materiais voláteis – metano, amônia e água.

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Descobertas cinco estrelas em rota de colisão com o Sistema Solar

Ao contrário do Cinturão de Kuiper, que é um anel no mesmo plano orbital dos planetas, a Nuvem de Oort parece ser uma esfera de rochas espaciais, prontas para virarem cometas, ao redor de todo o Sistema Solar.(Imagem: NASA)

Estrela a caminho

Tem uma estrela no nosso caminho. Ou melhor, cinco estrelas. Ou talvez sejamos nós a estarmos bem no caminho delas.

Um grupo de astrônomos russos e finlandeses usou dados do satélite Hipparcos, da Agência Espacial Europeia (ESA), juntamente com registros de diversos telescópios terrestres, para criar um modelo que mostra a trajetória de algumas estrelas vizinhas do Sistema Solar.

E algumas delas parecem decididas a estreitar os laços de vizinhança e nos cumprimentar bem de perto – elas deverão passar raspando pelo Sistema Solar.

Nuvem de Oort

Vadim Bobylev e seus colegas descobriram nada menos do que quatro estrelas até então desconhecidas que deverão passar a meros 9,5 anos-luz da Terra.

A essa distância, as quatro atingirão a chamada Nuvem de Oort, um verdadeiro campo de pedregulhos espaciais que os astrônomos acreditam ser a fonte de todos os cometas que atravessam o Sistema Solar.

Os efeitos gravitacionais desse encontro, e sua influência sobretudo sobre os planetas mais externos, ainda não foram modelados e não podem ser desprezados de antemão.

Estrela em rota de colisão com a Terra

Mas, segundo Bobylev, a maior ameaça virá mesmo é da estrela Gliese 710, uma anã laranja que, apesar de se encontrar hoje a 63 anos-luz da Terra, está chispando pelo espaço em nossa direção a uma velocidade de 14 quilômetros por segundo.

Segundo os astrônomos, seus cálculos indicam que há uma chance de 86% de que a Gliese 710 atravesse a Nuvem de Oort, arremessando milhões de cometas em direção ao Sol – logo, passando necessariamente pela órbita dos planetas, inclusive da Terra.

Estudos anteriores, contudo, revelam que uma saraivada de cometas gerada pela passagem de uma estrela pela Nuvem de Oort terá sobre a Terra o efeito mais de um chuvisco do que de uma tempestade – nosso planeta deverá ser atingido por não mais do que um cometa por ano.

Se serve de consolo, por outro lado basta lembrar que tudo indica que apenas um choque de um meteorito com tamanho suficiente foi capaz de dizimar a vida na Terra na época dos dinossauros.

A Gliese 710 é uma anã laranja que está chispando pelo espaço em nossa direção a uma velocidade de 14 quilômetros por segundo. (Imagem: NASA/Hubble)

Chuva de cometas

Há ainda, segundo os cálculos de Bobylev e seus colegas, uma chance em 10.000 de que a Gliese 710 aproxime-se a menos de 1.000 UA’s do Sistema Solar (UA: Unidade Astronômica. Uma unidade astronômica equivale à distância entre a Terra e o Sol).

Se isso de fato acontecer, ela atingirá não apenas a Nuvem de Oort, mas também o Cinturão de Kuiper – uma área repleta de pedregulhos espaciais congelados localizado além da órbita de Netuno – assim como outros grupos de objetos que giram em órbitas entre os dois.

Além de uma chuva de cometas eventualmente mais intensa, essa aproximação certamente afetará a órbita de Netuno, com efeitos sobre os demais planetas que ainda deverão ser objetos de novos estudos.

Pedras espaciais

A boa notícia é que, ao contrário das pedras que encontramos pelo caminho aqui na Terra, as pedras espaciais, ou pelo menos as estrelas, costumam ficar a grandes distâncias, e os tropeções demoram bastante para acontecer.

A mais perigosa das cinco ameaças, a Gliese 710, deverá chegar por aqui dentro de 1,5 milhão de anos.

Fonte: Inovação Tecnológica

Bibliografia:

Analysis of peculiarities of the stellar velocity field in the solar neighborhood
V. V. Bobylev, A. T. Bajkova, A. A. Myllari
Astronomy Letters
January, 2010
Vol.: 36, p. 27-43
DOI: 10.1134/S1063773710010044

Hubble fotografa colisão de asteróides

O núcleo principal do P/2010 A2 seria o que restou de uma colisão em hipervelocidade entre dois asteroides. Os astrônomos calculam que esse núcleo tenha cerca de 140 metros de diâmetro.(Imagem: NASA/Hubble)

Trombada espacial

O Telescópio Espacial Hubble fotografou um misterioso conjunto de detritos e poeira espacial em formato de X que sugere uma colisão frontal entre dois asteroides.

Os astrônomos imaginam há muito tempo que o cinturão de asteroides seja repleto dessas colisões, mas um choque desses nunca havia sido visto antes.

O objeto, chamado P/2010 A2, foi descoberto pelo projeto caçador de asteroides LINEAR (Lincoln Near-Earth Asteroid Research) no último dia 6 de janeiro.

Cometa suspeito

Inicialmente os astrônomos pensaram tratar-se de um assim chamado “cometa do cinturão principal” – um tipo raro de cometa que orbita o cinturão de asteroides.

Mas as imagens captadas pelo Hubble nos dias 25 e 29 de Janeiro revelaram o complexo padrão em X formado por estruturas filamentosas perto daquilo que se imaginava ser o núcleo do cometa.

“Isso é muito diferente dos envoltórios suaves de pó ao redor dos cometas,” diz David Jewitt, da Universidade da Califórnia em Los Angeles. “Os filamentos são feitos de poeira e cascalho, muito provavelmente lançados recentemente para fora do núcleo. Alguns estão sendo empurrados de volta pela pressão da radiação da luz solar, criando faixas de poeira em linha reta. Bolhas de poeira, incorporadas nos filamentos, estão acompanhando o movimento dos presumíveis corpos-pais.”

Rastros da destruição

Os cometas normais mergulham nas regiões centrais do Sistema Solar a partir de “reservatórios” de gelo localizados no Cinturão de Kuiper e na Nuvem de Oort. Conforme esses cometas se aproximam do Sol, o gelo superficial vaporiza e ejeta o material sólido do núcleo do cometa por meio de jatos.

Mas o P/2010 A2 pode ter uma origem diferente. Ele orbita as regiões internas e mais quentes do cinturão de asteroides, onde seus vizinhos mais próximos são blocos de rocha seca, sem materiais voláteis.

Isso deixa aberta a possibilidade de que a complexa cauda de detritos seja o resultado de uma colisão entre dois corpos, em vez de ser simplesmente gelo derretendo a partir de um corpo original.

“Se essa interpretação estiver correta, dois pequenos asteroides desconhecidos colidiram recentemente, criando uma chuva de detritos que está sendo varrida do local da colisão pela pressão da luz solar, assumindo o formato de uma cauda,” disse Jewitt.

Colisão em hipervelocidade

As colisões de asteroides são altamente energéticas, com velocidades de impacto médias de mais de 11.000 quilômetros por hora – cinco vezes mais rápido do que uma bala de fuzil.

O núcleo principal do P/2010 A2 seria o que sobreviveu dessa colisão em hipervelocidade. Os astrônomos calculam que esse núcleo tenha cerca de 140 metros de diâmetro.

No momento das observações feitas pelo Hubble, o objeto estava a cerca de 290 milhões de quilômetros do Sol e 145 milhões de quilômetros da Terra. As imagens do Hubble foram obtidas com a nova câmera Wide Field Camera 3, instalada durante seu upgrade realizado no ano passado.

Da Inovação Tecnológica